Bruno Giorgi – O fascínio das formas

Bruno Giorgi nasceu em 1905, em Mococa, São Paulo.
Foi para Roma, com sua família, em 1911.
No começo da década de 20, estudou desenho e escultura.

Ele é conhecido como um dos mais importantes escultores do país.

Candangos - 1960

Dos monumentos públicos de sua autoria destacam-se Candangos, 1960, na Praça Três Poderes, e Meteoro, 1967, no lago do edifício do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.

As amigas - terracota - 1944

Mulher de Mococa - bronze - 1950

Vitória Alada - bronze - 1950

No início da década de 80, na minha Galeria Domus, em Ipanema, além de expor diversos trabalhos de Bruno, promovi o lançamento do livro “Bruno Giorgi”, pela Editora Record, com texto de Ferreira Gullar e fotos de Rômulo Fialdini.

Mulher - mármore - 1979

“Todo artista, quando cria sua obra, faz a história da arte e, por isso, de algum modo, se insere nela.”

Ferreira Gullar

Bruno Giorgi - (1905-1993)

Grauben

Grauben do Monte Lima nasceu em 1889, mas começou a pintar somente aos 70 anos, quando passou a morar no Rio de Janeiro, após se aposentar do serviço público.

Ivan Serpa foi seu primeiro professor e incentivador, ensinando-lhe técnica de pintura em curso no Museu de Arte Moderna – MAM do Rio de Janeiro.

Ivan Serpa me apresentou a essa talentosa artista e logo fiquei muito impressionado com a beleza de sua obra.
Em sua temática da natureza fantástica os contornos não eram demarcados, mas indicados por séries de pontos coloridos.

Embora fosse uma pintora de aparente natureza ingênua (naif), havia algo muito especial naquele universo de cores cintilantes e mágicas.

Fiz 3 exposições individuais de Grauben na Galeria Relevo (1962, 1964 e 1965), todas com enorme e merecido sucesso de público, crítica e de vendas.

Essa artista brilhante faleceu em 1972.

É citada nos mais importantes dicionários de arte do País, destacando-se o “Dicionário das Artes Plásticas no Brasil”, de Roberto Pontual, e, em nível internacional, na obra “Peintres Naifs”, de Anatole Jakovsky.

Burle Marx

Roberto Burle Marx foi um dos maiores e mais talentosos paisagistas do nosso século, premiado internacionalmente.

Artista de múltiplas artes, foi também, desenhista, pintor, tapeceiro, ceramista, escultor, pesquisador, cantor e criador de jóias.

Nasceu em São Paulo, a 4 de agosto de 1909.

Seu primeiro projeto paisagístico foi para a arquitetura de Lúcio Costa em 1932, passando a dedicar-se ao paisagismo, paralelamente à pintura e ao desenho.

Em 1949, com a compra de um sítio de 365.000 m2, em Barra de Guaratiba, no Rio de Janeiro, organizou uma grande coleção de plantas.

Em 1970, a reurbanização da Avenida Atlântica, na praia de Copacabana ganhou a marca dos desenhos de Burle Marx, executados em pedra portuguesa.

Roberto oferecia almoços aos sábados em seu sítio, e recebia seus convidados com muita elegância e bom-humor. Nessas ocasiões ele tocava piano e cantava árias de óperas famosas.

Tive a sorte de participar de muitos desses animados banquetes, onde a mesa era decorada pessoalmente por ele, com orquídeas e plantas das suas gigantescas estufas.

Roberto Burle Marx faleceu no dia 4 de junho de 1994, no Rio de Janeiro, aos 84 anos.

Sítio Roberto Burle Marx
Estrada Burle Marx 2019 - Barra de Guaratiba
Rio de Janeiro - RJ

Serpa

Ivan Serpa nasceu no Rio de Janeiro em 1923 e, aos 23 anos, iniciou seus estudos de arte com o gravador austríaco Axl Leskoschek.

Pioneiro da abstração geométrica no Brasil, foi líder do Grupo Frente (1954-1956) e professor de pintura no Museu de Arte Moderna do Rio, responsável pela formação de toda uma geração de artistas.

Na década de 60, meu filho Jôka foi seu aluno no atelier de ensino de pintura para crianças do MAM.

Sua obra conheceu várias fases : o rigor concretista, o informalismo, a nova-figuração – na violência de sua fase negra , e o abstracionismo ligado a tendências da op-art.

Ivan Serpa não teve vida longa.
Faleceu em 1973, com 49 anos de idade.

Sua carreira, desde a estréia no Salão Nacional de Belas-Artes até a morte durou apenas 25 anos.

Ivan Serpa

Eu preparava uma mostra desse artista na minha segunda Galeria, a Domus, em Ipanema, quando o artista faleceu.

A exposição, infelizmente, nunca foi realizada.

Portinari

Candido Portinari nasceu no dia 29 de dezembro de 1903, numa fazenda de café em Brodoswki, no Estado de São Paulo.

Auto-retrato

Filho de imigrantes italianos, de origem humilde, recebeu apenas a instrução primária e desde criança manifestou sua vocação artística.

João Candido, filho do artista

Conheci Portinari em 1956, levado por um amigo em comum ao seu apartamento na Av. Atlântica, no bairro carioca do Leme.
Era um artista muito organizado, com todos os pincéis e tubos de tinta impecávelmente arrumados. E embora fosse muito produtivo, não se via o menor vestígio de manchas de tinta em sua roupa ou no atelier.

Retirantes

Somente depois de algumas visitas consegui realmente me aproximar desse artista genial.
Ele tinha como secretária a ex-mulher, Maria Victória, que apesar de separada, cuidava com muita atenção de sua casa e principalmente de suas vendas.

Com muito sacrifício consegui economizar o suficiente para aos poucos comprar quatro trabalhos de Candido, naturalmente pequenos.
Um deles era um estudo da Sta. Cecília que está na fabulosa coleção Roberto Marinho.
Outro era um cavalinho branco, tema bastante recorrente na obra do artista.

Sta. Cecilia

A partir desses encontros, me senti incentivado a trabalhar com arte.

Pouco tempo depois, em 1961, abria a minha primeira Galeria, a Relevo, em Copacabana.

Candido Portinari morreu no dia 06 de fevereiro de 1962, quando preparava uma grande exposição de cerca de 200 obras a convite da Prefeitura de Milão, vítima de intoxicação pelas tintas que utilizava.

Salão Petronio

Em um salão de barbeiro, muitas coisas acontecem :
Políticos decidem os rumos de um estado, jornalistas procuram notícias e... artistas talentosos podem estar passando por momentos difíceis.
Eu sempre cortei o cabelo no Salão Petrônio, na Rua Duvivier.

Era um barbeiro muito simples, sem nada demais, embora fosse frequentado por “todo mundo” em Copacabana na década de 60.

Di pintando sua mulher e musa, a também artista Noemia.

Di Cavalcanti, com quem eu tinha um bom relacionamento, estava fazendo a barba ao meu lado ( naquela época pré-lâminas descartáveis ainda se fazia a barba em barbeiros ) e disse que precisava de uma certa quantia para comprar uma passagem para voltar à Paris, onde morava durante metado do ano.

Horas depois, fui até o atelier de Di, na Rua do Catete, em cima do famoso cinema Asteca, levando o valor necessário para a viagem.
Em troca ele me disse para escolher 6 telas.
Não foi nada fácil, já que todas os quadros eram muito bonitos.

Um deles é essa linda mulata mostrada aqui abaixo.

Saindo do atelier, Di Cavalcanti me pediu um pouco sem jeito para que devolvesse as molduras. Elas seriam reaproveitadas por ele, nas suas próximas telas. Belas molduras são muito caras.

Guardei esses quadros por muitos anos, sendo que essa mulata de vermelho ficou comigo por 15 anos.

Foi a última a ser vendida.

O DOMADOR DE MISTÉRIOS

Em 29 de Março de 1940 Roberto Magalhães nasceu na Praia da Ribeira, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro.
Cresceu junto ao mar, brincando com os amigos de alcançar a nado ilhotas distantes, efetuando longos passeios de barco e bicicleta.

Roberto Magalhães é um artista que soma invenção, curiosidade, talento e pesquisas pessoais.

Tranquilo navegante de todas as técnicas, ele imprime um estilo inconfundível à sua arte.

É um inspirado descobridor de caminhos que pesquisou ao longo do tempo tendências vivas para toda uma geração.

Roberto Magalhães não é só um artista.

É um domador de mistérios.

Retrato do artista por Môka Prochownik

Gênio

“ Não existe um Picasso ruim.

Embora alguns Picassos não sejam tão geniais quanto os outros.”

Pablo Picasso